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Vila Nova de Gaia, Portugal

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Por terras de Mumadona

et dedimus in cubitu dextro per arcas que diuidet cum paradela per lomba usque in ribulo adon et ultra ribulo adon uilla que uocitant papizinos.

Aproveitamos a descida da albufeira na esperança de encontrarmos vestígios do passado; infelizmente a albufeira não tinha baixado o suficiente para termos o prazer de ver correr o velho Dão.
Percorremos desde o cotovelo até à ponte, sempre pelo lado de Treixedo, ora pela margem do rio, ora pela velha linha do comboio; agora uma via para ciclistas.

cubito dextro: cotovelo direito.
Foi com agradável surpresa que encontramos ruínas de represas nesta parte do rio Dão.
Diz-nos o pároco de Santa Comba Dão nas Memórias Paroquiais de 1758; que coalquer dos rios [Cris e Dão] tem levadas, reprezas e açudes, huns que servem para pesquarias outros para engenhos no veram. Que o rio Dan abunda de moinhos e engenhos de moer pam.



Foi um ribeiro encanado, e uma pequena ponte.
Antiga casa da guarda da linha na mais concorrida passagem de nível, que existia neste troço da linha. Há direita a velha estrada, que obrigava a uma passagem de nível com guarda.
Ruínas de uma casa na estrada próxima da passagem de nível.
Para ter protecção, devia ser uma estrada com muito movimento. Desconhecemos qual a ligação entre lugares; talvez descendo de Treixedo e passando por baixo da ponte pela margem do rio até ao Granjal? A Carta Militar não nos elucida.


Uma parte deste local foi reabilitado para habitação.
Foi uma antiga eira. Agora é local de "cultivo" de eucaliptos.
Estes socalcos tiveram o seu tempo, são agora monumento ao trabalho; digo eu.
Mais um velho ribeiro encanado agora em ruínas, que neste verão seco, está mesmo seco.
Uma curiosa construção na margem esquerda.


Mais um local de cultivo abandonado. Só de pensar no trabalho braçal para erguer estes muros; até arrepia.
No meio está a virtude! As vizinhas (duas) já foram "embelezadas".
Para além da ponte.
Uma represa, e respectiva moenda na margem esquerda, praticamente intactas. Pelo adiantado da hora não foi possível uma visita ao local.
A ponte reabilitada.
O autor pousando para a fotografia...


terça-feira, 1 de setembro de 2015

Avô: Oliveira do Hospital

A primeira referência histórica que temos, está no Livro Preto da Sé de Coimbra documento CLXII, era de 1160 (ano 1122).
Não seguimos estórias publicadas por historiadores ou outros como tais. Para nós apenas, e só, contam os documentos como valores de data histórica.


Capela de Santa Quitéria.



Pelourinho.
Capela junto ao castelo.
O que resta da muralha.
O que resta das ameias.
Vista do lado direito do rio Alva; local da igreja matriz de Avô.
O que resta da torre de menagem.



O autor junto à porta gótica do castelo.
Vista para a ribeira da Moura.

Uma raridade: azulejos de estampilha muito bem conservados.
Igreja matriz de Avô; na margem direita do rio Alva.
A Vila de Avô os Concelhos e a História de Portugal (Volume I).
(Biblioteca do autor)

A. J. Rodrigues Gonçalves afirma que "No caminho para Coimbra, D. Fernando de Leão e Castela conquista Avô, em 1059, povoando o "Couto de Avaoo" de cristãos e dando-lhe por governador o mesmo conde D. Sisnando (18)". Está citando outro autor.

O Foral de Avô de 1514 e o seu contexto histórico.
(Biblioteca do autor).

No Catálogo de todas as Igrejas, Comendas e Mosteiros que havia nos Reinos de Portugal e Algarves, pelos anos 1320 e 1321; a igreja de Santa Maria de Avô contribuía com  140 libras. Estava integrada no Arcediago de Seia, o qual pertencia ao Bispado de Coimbra

No Rol de Besteiros do Conto (1421): o couto da vaao contribuía com um besteiro.

No Cadastro da População do Reino (1527): A vila de voo tinha 59 moradores scilicet fogos, que nos dará uns 180 habitadores.

No Dicionário Geográfico (1747): afirma o autor que a vila de Avô tem 100 vizinhos.

Nas Memórias Paroquiais (1758): o pároco afirma que tem 134 vizinhos, e pessoas adultas 538.

Copiado do Portugal Antigo e Moderno:
« AVÒ—villa. Beira Alta, comarca de Midões,54 kilometros ao N. de Coimbra, 240 ao N. de Lisboa, 180 fogos, 650 alma, no concelho 1:350 fogos.
Em 1757 tinha 134 fogos
[*].
Orago Nossa Senhora da Assumpção,
Bispado e districto administrativo de Coimbra.
Foi couto feito por D. Affonso Henriques.
Situada na descida de um monte e dividida pelo rio Alva, sobre o qual tem uma excellente ponte de um só arco, de boa cantaria.
É terra fértil.
Vêem-se ainda na villa as ruinas de um antigo Castello, fundado sobre rocha viva, que se diz ser obra dos godos ou dos árabes.
Em Chãos d'Egua e no Monte da Garcia, d'este concelho, ha minas de chumbo que se exploram.
Foi primeiro esta villa de D. Urraca Affonso, filha bastarda de D. Affonso I, passou para os bispos de Coimbra, e depois para a corôa.
Diz-se que a matriz mandou fazer D. Affonso I.
O cabido de Coimbra apresentava o vigario.
Tinha dois beneficiados e um thesoureiro.
O vigario tinha o rendimento de 200$000 réis.

Ha aqui a capella de Nossa Senhora do Mosteiro, ou das Neves, que, segundo a tradição, foi egreja de um mosteiro de monges bentos, no tempo dos godos.
Aqui nasceu o insigne poeta clássico Braz Garcia Mascarenhas, auctor do Viriato Trágico e de outras obras.
[aqui:https://archive.org/details/viriatotragicop00mascgoog]
Na guerra de 1640 se apresentou elle na praça de Pinhel com 150 homens, das principaes famílias d'aqui e visinhanças, que se lhe reuniram voluntariamente, e n'aquella cidade fez a acclamação de D. João IV. Tinha militado nas guerras de Flandres, e foi por D. João IV feito governador da praça de
Alfaiates.
Entra na freguezia a serra do Açor.

D. Sancho I lhe deu foral em 1187.
D. Manuel lhe deu foral novo, em Lisboa, a 12 de setembro de 1514.»

[*] Aqui há erro de Pinho Leal: Refere o autor o dados que colheu! No Portugal Sacro Profano edição de 1767.

 Copiado do Portugal Sacro Profano:
«Avó, Freguezia no Bispado de Coimbra, tem por Orago N. Senhora da Assumpção, o Pároco he Vigario da apresentação do Cabido de Coimbra, rende duzentos mil reis: dista de Lisboa quarenta léguas, e de Coimbra nove, tem cento e trinta e quatro fogos.»


No censo de 1911 tinha 215 fogos, e 875 habitantes.
No censo de 1940 tinha 204 fogos, e 684 habitantes.
No censo de 1960 tinha 275 fogos, e 697 habitantes.
No censo de 1970 tinha 262 fogos, e 608 habitantes.
No censo de 1981 tinha 337 fogos, e 785 habitantes.
No censo de 1991 tinha 306 fogos, e 613 habitantes.

No censo de 2001 aparece apenas o total por freguesia: 362 fogos, e 633 habitantes.

No censo de 2011 aparece apenas o total por freguesia: 422 fogos, e 595 habitantes.